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Quinta-Feira, 21 de Novembro de 2024
Notícia : 08/12 - Montadoras propõem acordo-ponte no Mercosul
Os representantes da indústria automobilística instalada no Brasil vão propor hoje, na reunião de cúpula do Mercosul, em Montevidéu, o adiamento das atuais normas do regime automotivo por um tempo, até que Brasil e Argentina acertem pontos divergentes.

Depois de duas reuniões, uma na Argentina e outra no Brasil, sem qualquer consenso, sobrou a opção de fechar um entendimento temporário, já que o atual acordo automotivo expira no fim do ano. Em tese, a partir daí deveria valer o livre comércio entre os dois países.

Uma das idéias mais fortes entre os negociadores brasileiros é esticar o tempo de duração das atuais regras por mais seis meses. Mas esse prazo ainda não foi fechado. Segundo fontes próximas à negociação, o ponto de divergência entre os negociadores brasileiros e argentinos ainda é a balança comercial de produtos automotivos. O lado argentino reivindica um intercâmbio mais rígido, controlado por empresas. O lado brasileiro já se colocou contra essa possibilidade na última reunião, o que acabou levando as negociações ao impasse.

A meta dos argentinos é atrair mais investimentos das montadoras para o seu país. Boa parte das linhas de produção, como a de automóveis Fiat, foi deslocada para o Brasil depois da crise. Na semana passada, o presidente do grupo Fiat, Cledorvino Belini, disse que a empresa não tem nenhum plano para voltar a produzir veículos em Córdoba, uma fábrica que hoje produz motores e transmissões.

Enquanto 60% dos veículos vendidos na Argentina são brasileiros, menos de 3% dos automóveis vendidos no Brasil são argentinos, segundo dados da indústria. O intercâmbio automotivo entre Brasil e Argentina é regulado por um indicador. Para cada dólar importado da Argentina, o Brasil tem direito de exportar US$ 2,6 ou vice-versa.

Como as linhas de produção estão concentradas no Brasil, a vantagem acaba sendo do lado brasileiro. A proposta de usar o indicador por empresa obrigaria as montadoras que pararam de produzir a voltar a investir no país vizinho. "Este acordo é muito importante", disse esta semana o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Rogelio Golfarb. "Ou fechamos um acordo duradouro rapidamente ou partimos para um acordo-ponte para, nesse tempo, incluir uma política industrial competitiva para toda a região", disse. "Precisamos criar no Mercosul automotivo uma região que atraia investimentos", completou.

A preocupação de Golfarb é criar um bloco competitivo para enfrentar as discussões internacionais que surgirão a partir deste fim de ano, com a Rodada Doha. A indústria automobilística tem pressa em fechar o acordo no Mercosul porque pretende negociar com outras regiões. O setor desfruta hoje das vantagens do entendimento firmado com o México, que permitiu aumentar as exportações para aquele país.

O objetivo, agora é começar já em janeiro os primeiros entendimentos com a África do Sul, país que tem um mercado de veículos importante para as montadoras instaladas no Brasil. Depois dessa fase, virão as rodadas de negociação com a União Européia, que prometem ser as mais difíceis.

Fonte: Valor Econômico

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