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Quinta-Feira, 21 de Novembro de 2024
Notícia : 11/04 - Insumo barato não compensa perda de eletrônicos
O setor eletroeletrônico está preocupado com a valorização cambial, apesar de importar um significativo percentual de insumos mais baratos do exterior - a média de conteúdo externo chega a 61%. Os empresários argumentam que, além de perder competitividade na exportação ao reajustar seus preços, a redução de custos obtida no mercado interno não é suficiente para contrabalançar a concorrência dos importados.

O presidente da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), Humberto Barbato, entregou segunda-feira um estudo sobre os impactos do câmbio ao novo ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge. "O fato de termos um conteúdo importado importante não significa que deixamos de perder competitividade", afirmou Barbato ao Valor. O empresário tomou posse na presidência da entidade segunda-feira.

O ministro prometeu analisar o estudo, mas evitou se manifestar sobre o tema. Declarações de Miguel Jorge na semana passada, em Brasília, de que os setores prejudicados pelo câmbio deveriam se "reinventar" provocaram mal-estar entre os empresários.

De acordo com o estudo da Abinee, a valorização de 11,8% do real ante o dólar em 2006 provocou uma queda média, em reais, de 4% dos custos e despesas do setor eletroeletrônico, que fatura cerca de R$ 75 milhões. A entidade estima que os materiais representem 62% dos custos do setor eletroeletrônico, que possui, em média, 61% de conteúdo importado.

Nos produtos com maior conteúdo importado, a economia é maior. Os custos caíram 6,7% para equipamentos de telefonia, 6,2% para informática, 6% para material eletrônico básico, 5,2% para instrumentos de medida. Já os setores com amplo conteúdo nacional quase não se beneficiaram. É o caso de geradores, transformadores e motores (-0,27%), fios e cabos (-0,34%), equipamentos e aparelhos elétricos (-0,49%), lâmpadas e equipamentos de iluminação (-0,9%).

"Mas nenhum produto é tão beneficiado quanto aquele que é importado acabado. Nesse caso, a redução de custo é igual a variação cambial, quase 12%", diz Barbato. Ele teme que muitas empresas deixem de produzir no país para comprar no exterior o produto pronto.

Outro efeito da valorização cambial é aumentar os custos em dólares, estimulando as empresas a reajustar preços para manter suas margens de lucro na hora de exportar. Na média, o fortalecimento do real elevou em 7% os custos das empresas do setor eletroeletrônico no exterior. Nesse caso, é o outro lado da moeda. Setores com muitos insumos nacionais são forçados a reajustes maiores. Setores com alto nível de conteúdo importado são menos prejudicados.

De acordo com o levantamento feito pela Abinee, os eletrodomésticos da linha branca, que possuem baixo percentual de insumos importados, teriam que reajustar em 10,3% os preços no exterior para fazer frente à valorização de 11,8% do real no ano passado. Para geradores, transformadores e motores elétricos, o reajuste é ainda mais expressivo: 11,8%. Em fios e cabos condutores, a alta chega a 11,4%. Os setores que apontaram menor necessidade de elevação de preço foram informática (4,86%), equipamentos de telefonia, radiotelefonia e transmissores de TV e rádio (4,3%), e componentes eletrônicos (5,15%).
Fonte: Valor Econômico

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