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Quinta-Feira, 21 de Novembro de 2024
Notícia : 22/08 - Pela primeira vez Volks ameaça deixar o ABC
Pela primeira vez, a Volkswagen do Brasil admitiu a possibilidade real de encerramento das atividades da fábrica Anchieta, em São Bernardo. Em comunicado oficial, a companhia alertou que, caso não haja acordo sobre o plano de reestruturação, com previsão de 3,6 mil cortes no Grande ABC, a unidade perderá novos investimentos, inviabilizando o futuro das operações em curto prazo. O Sindicato dos Metalúrgicos do ABC (filiado à CUT) tomou conhecimento das medidas em reunião realizada nesta segunda-feira e prepara para esta terça assembléia com os trabalhadores.

Caso a planta da região continue em funcionamento sem acordo, os cortes aumentarão de 3,6 mil metalúrgicos para 6,1 mil, sem pagamento de incentivos financeiros para os desligados. A produção será reduzida de 900 veículos por dia para 300 a 400 carros diários a curto prazo. “A redução de 3,6 mil empregados nos próximos anos considera a vinda de novos investimentos. Por esta razão, caso não haja acordo sobre as medidas do plano de reestruturação, a fábrica Anchieta não receberá outros modelos”, afirmou o gerente-executivo de Relações Trabalhistas Corporativo da Volkswagen, Nilton Junior.

Ainda em comunicado, o vice-presidente de Recursos Humanos da Volkswagen, Josef-Fidelis Senn, disse que, com um nível de produção tão baixo, por conta da ausência de investimentos na unidade, os custos se tornarão mais elevados. “É difícil imaginar que um complexo industrial do porte da Anchieta continue operando com um volume de produção tão reduzido. Portanto, caso não tenhamos novos investimentos, o risco da operação ser encerrada é real.”

Embora exista acordo de estabilidade de emprego até 21 de novembro, há rumores de demissões imediatas na unidade. Segundo a fonte, que preferiu não se identificar, a empresa trabalha com uma lista com 1,2 mil nomes a serem cortados já na próxima semana.

A montadora, no entanto, descarta enfaticamente a informação. Segundo a diretora de Assuntos Corporativos da empresa, Júnia Nogueira de Sá, a possibilidade de rompimento da estabilidade “está totalmente descartada”. Sem acordo, confirma a executiva, uma lista de 1,8 mil funcionários – sendo 1,3 mil da fábrica e 500 do CFE (Centro de Formação e Estudos) – será criada ainda neste mês, para início dos cortes “imediatamente após o vencimento do acordo”.

A empresa cobra do Sindicato apoio ao plano de reestruturação, anunciado em 3 de maio, até esta sexta-feira. O repentino recrudescimento do calendário, explica a empresa, tem razão: foi marcada para setembro reunião de todas as unidades da Volks com a matriz, na Alemanha, para decisão de futuros investimentos. Sem acordo sobre a reestruturação, a unidade da Anchieta está fora do jogo.

Diante do xeque-mate da companhia, o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, José Lopez Feijóo, disse que somente nesta terça serão discutidas com os trabalhadores as medidas anunciadas nesta segunda-feira. “O que chegou para nós deixa claro que, dependendo do volume de produção da Anchieta, o futuro das operações pode não compensar ter a fábrica aqui”, destacou o sindicalista.

O vice-presidente do Sindicato, Francisco Duarte de Lima, o Alemão, ressalta que, apesar do aumento da pressão sobre os trabalhadores, a montadora mantém a mesma pauta, não atendendo reivindicações já pleiteadas pelos representantes dos trabalhadores em outras rodadas de negociação. O sindicalista não teme uma possível quebra do acordo de estabilidade, mas, se o prazo não for cumprido, ele manda o recado à montadora: “Se quebrar, a gente pensa o que fazer”.


Pontos da reestruturação da Volks

Redução de efetivo (Anchieta, Taubaté e São José dos Pinhais)

- desligamento de empregados indicados (sem nenhuma garantia de emprego)

- possibilidade de negociação de incentivo financeiro para os empregados a serem desligados

- adequação do efetivo da Volkswagen do Brasil com redução de empregados entre 2006 e 2008

- possibilidade de negociação de incentivo financeiro a ser concedido aos empregados que serão desligados até 2008

- concessão de três meses de plano médico

- verbas legais


Conceito de retrabalho por falta de qualidade (todas as fábricas)

- estabelecer sistema que garanta permanência do empregado para execução de retrabalho em caso de falta de qualidade

- extensão obrigatória da jornada diária em duas horas limitada a oito horas semanais em caso de falta de qualidade

- crédito das horas em banco de horas somente para times que não foram os geradores do retrabalho. Time que gerou o retrabalho não recebe as horas


Plano médico

- aumento da contribuição dos empregados (maior percentual de desconto no salário)

- o percentual saltaria de 1% para 3% do valor do salário do trabalhador (elevação de 200%)

- o trabalhador continuar a pagar o valor de um terço para cada consulta realizada


Banco de horas

- crédito das horas no banco de horas até o limite de 200 horas, sem pagamento de adicional (hoje o limite é de 40 horas com pagamento de adicional)

- entre 201 e 400 horas, créditos das horas no banco e pagamento de adicionais

- acima de 400 horas, pagamento como hora extra (hora base mais adicional)


Nova tabela salarial

- introdução de nova tabela salarial em menor patamar válida para novos empregados

- nova tabela salarial horista (produção) 35% menor do que a atual considerando o salário final

- empregados atuais não servirão de paradigma para novos contratados


Reajuste anual de salário

- quebra do acordo coletivo de reajuste que garante 10%, com composição do INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) e aumento real

- incorporação de 85% do INPC e utilização dos outros 15% para pagamento de remuneração variável condicionada a indicadores de resultados

- não conceder aumento real

- regras válidas para os próximos dois anos (2006 e 2007)


Programa de participação nos resultados – PLR

- adequação dos valores às práticas de mercado

- patamares mínimos para pagamento do complemento da PLR

- estabelecimento de indicadores individuais, departamentais e da planta

- valor de PLR deixa de ser coletivo e passa a ser


Introdução de consórcio modular

- estabelecimento de acordo que permita a implementação do conceito de consórcio modular e regulamentação de terceirizações conceituais e específicas

- introdução de cláusula para viabilização de terceirizações para atividades non-core business e cláusulas específicas para terceirizações já identificadas


Introdução de jornadas de trabalho diferenciadas

- introdução de jornada 6x2 para todas as áreas de manutenção e retrabalho

- possibilidade de estabelecimento da jornada polo (folga fixa aos domingos e outra alternada dos dias da semana)


Introdução de novos conceitos

- término da contratação compulsória de aprendizes

- eliminação do tempo livre para cipeiros (próximas eleições)

- transferência de 40 empregados da área de Pós-Venda para Vinhedo


Demissão antecipada pode custar muito caro à montadora


Decidir pela quebra do contrato de estabilidade, caso o Sindicato não entre em acordo sobre o Plano de Reestruturação na unidade da Anchieta, pode custar caro demais à Volkswagen do Brasil. A opinião é do consultor, Diogo Clemente, que construiu toda a sua carreira na indústria automotiva, inclusive com passagens pela empresa de origem alemã.

Dentre as punições possíveis caso a montadora escolha esse caminho, está a contestação da ação pelo sindicato na Justiça, com grandes chances de vitória dos trabalhadores. “A ação pode provocar a ordem de reintegração de todos os demitidos. E dependendo do Juíz, há ainda o risco da obrigatoriedade da extensão do plano de estabilidade”, comenta.

Exatamente pelo custo ser alto demais, o consultor não acredita nessa hipótese. “A companhia deve cumprir esse contrato de estabilidade. Se não o fizer, armará um grande bote contra si mesmo”.

Apesar de fonte do mercado garantir que a ação está em estudo, comunicado oficial da montadora afasta qualquer possibilidade da quebra de acerto se concretizar. “Caso não haja um acordo aprovado, a companhia dará início às ações para a redução do quadro de pessoal – que ocorrerá efetivamente após 21 de novembro deste ano –, quando se encerra o acordo de estabilidade de emprego válido desde novembro de 2001.

Detalhe importante: com o acordo de estabilidade, cerca de 3,6 mil funcionários serão demitidos. Sem o acordo, esse número pula para 6,1 mil, com possibilidade de fechamento definitivo da unidade da Anchieta, em São Bernardo.


Volks de S.Bernardo ameaça demitir 6 mil


O Sindicato dos Metalúrgicos do ABC (filiado à CUT) informou nesta segunda-feira que a Volkswagen do Brasil pretende implantar, o mais rápido possível, a segunda fase do Plano de Reestruturação da montadora. De acordo com o sindicato, a Volks poderá aumentar para 6 mil o número de demissões na unidade de São Bernardo, antes previsto para 3,6 mil.

Nesta segunda, representantes dos trabalhadores estiveram reunidos com a direção da montadora. Em nota oficial, o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC afirma que, caso não haja acordo entre entre o número de decisões, a fábrica da Anchieta receberá menos investimentos do Grupo Volkswagen e corre o risco de ser fechada.

"É fundamental para a fábrica Anchieta que sejam viabilizados investimentos e a produção de novos modelos. Caso contrário, a perspectiva de redução do efetivo será ainda maior do que já anunciado", afirma Nilton Junior, gerente executivo de Relações Trabalhistas Corporativo da Volkswagen.

Em setembro, a companhia terá uma reunião decisória na sede do Grupo Volkswagen, na Alemanha, onde serão discutidos novos investimentos para a montadora. "A redução de 3,6 mil empregados nos próximos anos considera a vinda de novos investimentos. Caso não haja acordo sobre as medidas do Plano de Reestruturação, a fábrica Anchieta não receberá novos modelos e terá uma redução na sua produção diária. Considerando este cenário, ocorrerá um corte adicional de aproximadamente 2,5 mil pessoas, além dos 3,6 mil desligamentos já anunciados", afirma Nilton Junior.

O Sindicato realizará uma assembléia na tarde desta terça-feira para definir quais ações serão tomadas pelos metalúrgicos.
Fonte: Diário do Grande ABC

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