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Quinta-Feira, 21 de Novembro de 2024 |
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Notícia
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03/03 - Queda dos juros deve seguir gradual |
O fraco crescimento do PIB em 2005, a forte apreciação cambial e a inflação corrente sob controle podem levar o Banco Central a refazer seus planos. Mas isto, na visão da maioria dos bancos ouvidos pela reportagem, não ocorrerá na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) na semana que vem. A previsão é de que o BC faça novamente a opção pelo gradualismo e corte a Selic em 0,75 ponto percentual. No entanto, o quadro favorável ao controle dos preços pode levar o BC a prolongar o ciclo de corte dos juros básicos, iniciado em setembro do ano passado.
A pressão política por uma mudança na condução da política monetária ganhou força com a divulgação do fraco desempenho da economia no ano passado. O IBGE divulgou na semana passada que o PIB cresceu só 2,3% em 2005, menos da metade da expansão de 4,9% registrada em 2004. A Selic elevada, que leva o Brasil à incômoda posição de líder mundial dos juros reais, é apontada como principal causa do fraco desempenho da economia no ano passado. Mas para a maior parte dos analistas, o PIB fraco não mudará o ritmo de corte da Selic.
"O BC olha para frente e o que preocupa ainda é o dado da atividade econômica neste começo de ano, que deveria ser mais fraco", afirma Alexandre Lintz, economista-chefe do BNP Paribas. "Além disso, a inflação corrente vem caindo, mas a um ritmo ainda menor do que o desejável", diz Lintz.
O economista-chefe do banco Pátria de Negócios, Luiz Fernando Lopes, lembra que os núcleos da inflação corrente estão ainda elevados e preocupam. "Quando você anualiza a inflação corrente a projeção é de um IPCA de 6% em 2006, acima da meta perseguida pelo BC de 4,5%", lembra Lopes. O Banco Central, na visão do economista, seguirá com cortes graduais de 0,75 ponto percentual nas duas próximas reuniões, na semana que vem e em abril.
O que pode mudar esta postura, lembra Lopes, é uma apreciação cambial ainda mais forte. "Se o câmbio se ficar no nível de R$ 1,90, a inflação pode cair muito abaixo dos 4,50% no ano, o que também não é interessante", diz. "Neste caso, o BC pode acelerar os cortes dos juros para não penalizar ainda mais a economia."
O dólar baixo também é argumento de quem acredita na possibilidade de o BC promover, já na semana que vem, um corte de 1 ponto percentual na Selic. "A taxa de câmbio, que facilita o trabalho do BC, combinada com o risco-país recorde e a queda da inflação corrente, são fatores que podem levar o BC a cortar mais fortemente os juros", diz Vladimir Caramaschi, economista-chefe da corretora Fator.
Este conjunto de fatores, que ajuda na condução da política monetária, pode não ser suficiente para comover o BC a mudar o ritmo de corte, mas deve fazer com que o BC prolongue o ciclo de queda na taxa. "É difícil que a autoridade monetária altere o gradualismo que marca a condução da política de juros, mas acredito que a Selic continuará em trajetória de queda por mais tempo", afirma Joel Bogdanski, diretor de política monetária do banco Itaú. A expectativa de Bogdanski é que a Selic caia nas sete reuniões marcadas para até o final do ano, fechando 2006 a 13,50%. |
Fonte: Gazeta Mercantil |
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